Vou aproveitar uma situação meio inusitada que aconteceu na semana passada.
Conversando com uma empresa de desenvolvimento e prestadora de serviços de outsourcing, fui indago sobre: "qual seria o maior desafio que encontro ao desenvolver meus projetos". Ele na verdade queria saber qual é a pior coisa que tenho enfrentado, pois talvez iria enfrentar na empresa dele, certo?
Então falei a verdade: "o maior desafio que tenho enfrentado é quando os sócios, diretores ou gestores já desistiram de buscar uma melhor performance (mesmo sem assumir que desistiram), alegam: "é assim mesmo".
Estamos há bastante tempo trabalhando no mercado provocando o alto desempenho nas empresas de tecnologia e é claro que acabamos por encontrar diversos tipos de situações que trabalham contra o nosso propósito e um deles é muito comum: "a real crença de que as coisas estão do jeito que estão porque não tem mais o que fazer" e disso advém afirmações do time, tais como:
O mercado está ruim
O concorrente está bem melhor, ou há muito concorrentes no mercado atrapalhando as vendas
Política de preços está incoerente
A oferta é muito básica, faltam coisas
Não se vende mais porque existe preocupação com a entrega e não se tem entendimento que a empresa vai agir
Sempre digo que se a informação: "é assim mesmo e não tem o que fazer" vem de outros colaboradores que não seja os gestores, tá tudo certo, mas quando ela vem de gestores e/ou de pessoas referência na empresa, aí as coisas não estão nada certas.
Quando essa pretensa assertiva vem a tona por parte do time de colaboradores, vem por diversas potenciais razões:
Medo de errar - Não há certeza na percepção
Medo de ferir suscetibilidades - não quer deixar ninguém incomodado
Incompetência técnica - esta é terrível, pois gera uma forte crença na pessoa que não dá para fazer e ela acaba convencendo muitas pessoas disso sem ter o conhecimento técnico necessário para fazer uma assertiva como essas
Maldade - alguns querem ver o circo pegar fogo mesmo por razões particulares
Desculpa - essa é aquela usada para justificar baixo desempenho
Descrédito na empresa - a pessoa "desistiu", mas não assume isso formalmente
Arbítrio - não se tem autoridade para resolver o assunto, mesmo que queira
Conformismo - crença real (mas, ilusória) que não se tem nada a fazer
A boa notícia é que para a maioria dos casos que nos deparamos nesses anos todos, houveram soluções e as ações correm em níveis diversos de dificuldade, mas todos dentro do bom senso.
Alguns empresários, diretores ou gestores são influenciados pelo "é assim mesmo" e esse é o primeiro passo para uma espiral negativa. Muitas vezes nos negócios é necessário primeiro "crer para ver" , apesar de termos em nosso DNA o querer "ver para crer". Os negócios exigem visão e porque não dizer: "apostas", claro, fundamentadas.
Se a performance não está adequada "mude", "faça algo", não aceite o mais do mesmo.
Reflita sobre isso.